Encontro sobre ADE traz compartilhamento de boas práticas
O Programa Klabin Semeando Educação promoveu no dia 27/09, de forma virtual, um novo encontro (o terceiro em 2023) em prol da efetivação dos ADE (Arranjos de Desenvolvimento da Educação) nos territórios participantes do programa. Trabalhando em regime de colaboração, os ADE visam organizar os municípios para a prática de uma educação de qualidade, com foco na garantia de direito de aprendizagem das crianças e jovens.
O encontro, chamado “Diálogo entre os territórios: rodas de conversa sobre experiências exitosas”, abrangeu iniciativas desenvolvidas nos municípios de Angatuba (SP), Itararé (SP), Goiana (PE) e Telêmaco Borba (PR)”. Dos 20 municípios atendidos pelo programa, 12 participaram do encontro com seus representantes (secretários municipais de educação e suas equipes técnicas, gestores, professores), sob orientação dos consultores da Interação Urbana.
No ambiente virtual, os participantes foram direcionados a salas temáticas, onde puderam conhecer práticas pedagógicas voltadas à leitura e alfabetização e também trocar experiências com os colegas. Posteriormente, a socialização das discussões no grupo geral reafirmou o propósito do ADE: fortalecer o trabalho em rede, aproximando os municípios para a busca de soluções frente aos desafios educacionais enfrentados.
Conheça a seguir as experiências apresentadas em cada grupo.
Grupo 1: Angatuba e Imbaú
A professora Cristiane Libâneo apresentou seu trabalho feito com uma turma de 2º ano. A proposta foi criar “Adivinhas” com o objetivo de aprimorar a leitura e escrita dos alunos. Inicialmente, foi feita uma roda de conversa com os alunos para explorar o que eles conheciam sobre o tema. Foram apresentados livros de adivinhas, realizadas as leituras com os alunos e propostas adivinhas como desafio, para que chegassem às respostas.
Os pais foram envolvidos na atividade, escreveram adivinhas, as quais foram compartilhadas com todos em sala de aula. Foi criado um jogo de tabuleiro no qual foram usadas as adivinhas e, com isso, os alunos puderam criar as regras do jogo e, assim, aprimoraram o processo de leitura e escrita, enriqueceram o vocabulário e puderam exercer a ajuda mútua ao se organizar em duplas produtivas, o que proporcionou autonomia na sua aprendizagem, visto que as tentativas eram estimuladas, e não havia o medo de errar.
A professora destacou que a atividade pôde atender os diferentes estágios de aprendizagem (alunos pré-silábicos e silábicos-alfabéticos) no processo de alfabetização. Todas as atividades realizadas participaram do projeto “Folclorando-se”, que mobilizou toda a rede municipal no estudo do folclore das diferentes regiões do país, que culminou com a apresentação do que foi realizado em sala de aula para toda a comunidade.
Grupo 2: Goiana, Ventania e Correia Pinto
A professora Valdilene e a gestora Ivoneide apresentaram o trabalho que realizam na escola Zilma Gemir Baracho. Intitulado “Uso da tecnologia na prática pedagógica”, o projeto realizado na escola faz uso das tecnologias e dos tablets entregues pela Secretaria de Educação como suporte para o processo educacional dos estudantes.
Na apresentação, a professora ressaltou sobre a importância do recurso na prática alfabetizadora e o quanto o trabalho pedagógico ganhou desdobramentos a partir das temáticas dos jogos e aplicativos disponíveis nesse contexto. Vale lembrar que o recurso acaba criando outras vertentes que possibilitam à professora utilizar aspectos dos jogos e aplicativos para trabalhar com leitura e escrita. Valdilene salientou que com o trabalho sistematizado com os jogos educativos, por exemplo, pode transpor aspectos da escrita na construção de instruções sobre como jogar, organizadas pelos alunos.
Outro ponto relevante que a dupla de educadoras nos trouxe é que o material tecnológico está no plano de aula das professoras e que assim como a biblioteca, é previsto em dias e horários organizados pelo planejamento, criando rotina para a prática.
Ainda como ponto forte das falas das educadoras está o fato de que os professores da escola foram mobilizando um coletivo para que juntos descobrissem a ferramenta tecnológica, a fim de exercitar seu uso em sala de aula com os estudos, mostrando sobre a importância da troca e diálogo docente.
O grupo que acompanhou o relato participou ativamente com perguntas, reflexões e análises sobre o tema, validando e reconhecendo o trabalho da escola Zilma como algo muito interessante do ponto de vista das práticas de leitura e escrita com o uso das tecnologias.
Grupo 3: Itararé, Reserva e Sapopema
A professora Eva, assessora técnica da SEMED de Itararé, apresentou o projeto de leitura das escolas municipais. O objetivo inicial foi o de garantir as diferentes modalidades de leitura nas escolas, bem como a exploração de diversos gêneros textuais. Para isso, a equipe da SEMED organizou um baú recheado de livros para entregar aos gestores de todas as escolas municipais. Além disso, a equipe cuidou das orientações necessárias para que o material fosse utilizado pelos professores e, desse modo, elaboraram um modelo de rotina que eles poderiam seguir, como forma de nortear o trabalho a ser realizado em sala de aula, com os títulos disponíveis.
De posse dos materiais, as escolas incrementaram o trabalho, criando a maleta viajante, em que a aluna inclusive produziu um livro, inspirada pela atividade de leitura. Outros exemplos como o piquenique literário, a dramatização de histórias em parceria com professores de artes, o carrinho de leitura e/ou a confecção do livro de contos de assombração a partir da coleta dos contos e causos que a família conhecia chamaram a atenção do grupo durante o relato.
Todo esse esforço coletivo gerou resultados além dos esperados: destaque para o envolvimento dos professores — de sala com os especialistas, e da própria equipe gestora —, formando uma escola leitora, contemplando as diversas modalidades leitoras desde a individual até a de deleite, realizada pelo professor. O engajamento da família também merece destaque: em escolas com realidades distintas, quer seja da zona urbana, quer seja da zona rural, os pais se envolveram confeccionando fantasias para as dramatizações, recebendo os livros e dando devolutivas sobre como o trabalho continuava em casa.
Outro dado apresentado foi a melhora da fluência leitora bem como do avanço na qualidade da escrita dos alunos. Evidente que se trata de um processo, mas que os resultados já apontam melhorias consideráveis. E, em nosso grupo, a coordenadora Shelly destacou o piquenique literário como algo que nunca havia visto como possibilidade do trabalho com a leitura. Já a secretária Fátima destacou as semelhanças de projetos em seu município, mas com encaminhamentos diferentes. Ressaltou a importância das orientações para a equipe gestora e da rotina modelo enviada aos professores.
“Muito bom saber que em um país onde a leitura tem sido um desafio, um projeto tão lindo como esse foi realizado com poucos recursos e muito trabalho em equipe”, comentou a formadora Lara Cavalheiro.
Eva finalizou sua apresentação agradecendo pela oportunidade de compartilhar boas experiências com todo o grupo e ressaltou a importância do Semeando Educação em Itararé, agradecendo, inclusive, pela parceria com a Klabin e a Interação Urbana.
Grupo 4: Telêmaco Borba, Lages, Rio Branco do Ivaí e Rio Negro
A Chefe de Divisão do Planejamento de Ensino e Aperfeiçoamento Técnico Pedagógico, Édina Queiroz, e a Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental, Sandra dos Santos, apresentaram uma sólida experiência relativa ao trabalho pedagógico que a equipe desenvolve no município de Telêmaco Borba acerca da alfabetização, do letramento e da fluência leitora. O objetivo é oferecer condições aos professores de 2º ano do Ensino Fundamental, a fim de que utilizem as estratégias e intervenções adequadas para promover ações que visem à melhoria do desempenho dos estudantes, com o intuito de que desenvolvam as habilidades necessárias para se tornarem leitores fluentes e concluam com sucesso o processo de alfabetização.
Para tanto, expuseram, de forma sucinta, o percurso que escolheram para organizar o trabalho, explicando como realizam a apresentação dos resultados da avaliação diagnóstica de fluência aos professores do 2º ano da rede municipal; de que modo promovem a formação com esses professores e com os assistentes de alfabetização do Programa Tempo de Aprender e, finalmente, de que forma é elaborado o plano de ação das unidades escolares municipais.
De acordo com as relatoras, é fundamental que os professores delineiem metas e objetivos específicos para nortear a prática pedagógica e utilizem ferramentas facilitadoras capazes de estimular e enriquecer o contexto escolar, bem como o desempenho do estudante.
Durante toda a apresentação, ficou evidente que a rede municipal de Telêmaco Borba adota uma série de instrumentos avaliativos para mensurar, acompanhar e registrar o desenvolvimento dos alunos de 2º ano quanto ao nível de leitura, mediante suas especificidades, o que constitui relevante fator de evidência da proficiência leitora desses estudantes.
Para ilustrar o relato, as expositoras apresentaram fotos de momentos de formação com os professores, musicalização, atividades de psicomotricidade, práticas de observação, de escrita e de leitura, entre outros.
Segundo a secretária municipal de educação de Rio Branco do Ivaí, Carmen Veloso, o compartilhamento da prática das colegas foi bastante enriquecedor, principalmente porque utilizou o lúdico para proporcionar às crianças o aprender brincando. “Gostei muito do que apresentaram, pois utilizou o lúdico, a musicalização, os jogos, adorei a ideia do Chá Literário (não conhecia) e vou levar essa sugestão para minha equipe”.